DIAGNÓSTICOS, RÓTULOS E RESPONSABILIDADES PEDAGÓGICAS: PRECISAMOS FALAR SOBRE ISSO
Tem TOD? Tem TDAH? Medica, coloca o menino no canto da sala e pronto!
Infelizmente, essa ainda é uma cena que acontece em muitas escolas.
Nós, educadores, temos vivenciado o enorme desafio de “fazer escola” em um tempo de diagnósticos múltiplos e, muitas vezes, superficiais e equivocados. Ao longo dos últimos anos, os problemas de aprendizagem e comportamento cresceram e, com eles, a ânsia por um nome, um laudo, um CID que justifique tudo o que não vai bem.
Mas será que temos olhado para o que realmente importa?
Diagnóstico não é destino!
A pesquisadora Maria Aparecida Moysés (Unicamp) há muito alerta para os perigos da medicalização da educação. Quando o diagnóstico passa a ser o foco, e não o ponto de partida para compreender o estudante, corremos o risco de reduzir o sujeito àquilo que ele “tem”, esquecendo quem ele é e o que ele pode aprender.
Não são raros os casos em que crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista), TDAH, Dislexia ou Altas habilidades/Superdotação são rapidamente enquadradas em categorias rígidas, sem que a escola se dedique a estudar suas reais potencialidades.
Em alguns contextos, a superdotação tem sido até banalizada, não por excesso de talento, mas pela fragilidade das práticas pedagógicas, incapazes de propor desafios cognitivos autênticos e profundos.
O resultado? Escolas que se preocupam em preencher laudos e formulários, elaborar um PEI Plano Educacional Individual como um documento estático e não norteador, mas não se comprometem em criar propostas pedagógicas eficazes, desafiadoras e acolhedoras.
O papel essencial da equipe gestora.
É papel dos coordenadores e diretores pedagógicos conduzir o trabalho escolar para além dos rótulos. Esses profissionais devem ser os guardiões da intencionalidade educativa, os que precisam garantir que os professores:
Gestores que assumem essa postura fortalecem o corpo docente e rompem com a cultura da acomodação diagnóstica, substituindo o “o que ele tem?” por “o que nós podemos fazer por ele?”.
Uma escola que adoece não pode curar.
Os efeitos da medicalização não atingem apenas os alunos. Há professores e famílias adoecendo, exaustos, angustiados e inseguros diante de um sistema que tudo explica e nada transforma. Enquanto isso, seguimos naturalizando comportamentos e delegando à medicação ou ao diagnóstico aquilo que deveria ser tratado com formação pedagógica sólida, estudo e reflexão institucional.
Mais estudos, menos desculpas.
Não é possível promover inclusão e aprendizagem real sem aprofundamento teórico, escuta sensível e coragem pedagógica. Precisamos de gestores que conduzam seus times a estudar casos, revisar práticas, planejar coletivamente e, sobretudo, agir com ética, empatia e competência técnica.
Diagnóstico pode até elucidar, mas não educa, não acolhe e não ensina. Quem faz isso é a escola. E uma escola com direção e coordenação comprometidas com o humano é capaz de transformar qualquer rótulo em possibilidade.
Léia Costa – Mente Gestora
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