Acolher com Sensibilidade e Autoridade:

Um papel da Gestão Escolar.

ACOLHER COM SENSIBILIDADE E AUTORIDADE: UM PAPEL DA GESTÃO ESCOLAR

Muito se fala hoje sobre acolhimento e sobre o desenvolvimento integral dos estudantes. Multiplicam-se programas, formações e metodologias sobre habilidades socioemocionais. Entretanto, por mais que tenhamos conhecimento, materiais e discurso sobre o tema, ainda há escolas emocionalmente frias na chegada dos alunos.

Há professores que, seguros e comprometidos, já compreendem o poder de um bom acolhimento e planejam intencionalmente esse momento: pensam na transição entre segmentos, no medo do novo, na ansiedade e nas expectativas dos estudantes.

Em uma escola que visitei recentemente, fiquei impressionada com o cuidado da equipe gestora em preparar o início do ano letivo. Organizaram encontros de formação com os professores para discutir as necessidades emocionais dos alunos, as expectativas das famílias e o papel fundamental do professor como mediador do vínculo.

Durante essas formações, foram planejadas estratégias de recepção intencionais, desde dinâmicas leves até momentos de escuta e socialização, com tempo reservado na agenda pedagógica para que o acolhimento não fosse apenas simbólico, mas efetivo. Uma das ações mais marcantes foi a dinâmica dos mapas de influências: imagens que representavam os gostos, hábitos e interesses pessoais dos professores. Os alunos, em grupos, tentavam descobrir a quem pertencia cada mapa.

O resultado foi encantador: sorrisos, curiosidade, aproximação e empatia imediata. Nas aulas seguintes, os estudantes foram convidados a elaborar seus próprios mapas, fortalecendo ainda mais os laços e a confiança mútua.

Ao observar essa prática, reafirmei uma convicção: alunos que são acolhidos com sensibilidade no início do ano se abrem com mais segurança à aprendizagem e à convivência escolar. Infelizmente, nem todas as escolas têm vivido experiências assim, e é justamente esse tipo de cuidado que precisamos exercer e multiplicar. Essa experiência me fez reafirmar: alunos que são acolhidos com sensibilidade tendem a aprender com mais segurança e abertura. Mas sabemos que nem todas as escolas vivenciam isso.

Lembro de um episódio pessoal. Minha filha, no primeiro dia de aula do 7º ano, saiu de casa com materiais, corpo e coração prontos. Estava animada, ansiosa, cheia de expectativas. À noite, perguntei: — “Como foi o seu dia? E os professores?” Ela respondeu: — “Foi bom, mãe. Todos os professores são muito legais, menos a professora de português. Ela entrou na sala e disse: “Eu sou muito brava, muito brava mesmo, e isso não é mentira. Vou ser brava de hoje até o dia 29 de novembro.” Sorri e respondi: — “Filha, essa moça me parece insegura. Cuide dela ao longo do ano.”

Essa fala revela algo importante: muitos professores confundem autoridade com rigidez, quando, na verdade, a efetiva autoridade nasce do vínculo e da confiança.

E é aqui que entra o papel fundamental da equipe gestora. Coordenadores e diretores precisam ajudar o professor a olhar para o aluno com sensibilidade, sem perder firmeza, e a compreender que acolher não é abrir mão de limites, mas estabelecer relações humanas e pedagógicas mais produtivas.

O gestor pode fazer isso ao:

  • Planejar formações intencionais sobre o acolhimento, partindo de situações reais da escola.
  • Modelar atitudes de empatia e escuta ativa nas próprias reuniões e encontros.
  • Acompanhar o início do ano letivo de perto, observando, escutando e apoiando os professores nas primeiras interações com as turmas.
  • Reforçar a ideia de que autoridade não se impõe, se conquista — e que o acolhimento é o primeiro passo dessa conquista.
  • Construir uma cultura escolar que valorize o vínculo e o respeito mútuo como base para o aprendizado.

 

A gestão escolar é, antes de tudo, gestão de pessoas. E o modo como ensinamos nossos professores a receber os alunos define o tom de todo o ano letivo. Acolher com sensibilidade, sem abrir mão da autoridade, é um ato de equilíbrio, maturidade e amor pedagógico, um dos maiores legados que uma equipe gestora pode deixar.

Léia Costa – Mente Gestora

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